No sábado não sei onde fui buscar tanta coragem mas acabei mesmo por me mandar de um avião. Tão alto mas tão alto que lá em baixo eram só formigas.... Saltei, tive medo, gostei, frio na barriga,adorei, pensei que era uma loucura, amei!
A minha Deusa Espectacular (com quem adorei viver isto) escreveu este texto lindo passado umas horas e ofereceu-me. Pedi-lhe autorização para o publicar aqui poque é isto mesmo que quero dizer. A experiência foi nossa e nós sabemos que é isto:
“Aprendi a voar"
"Dentro do avião a diferença de olhares é simplesmente notória. Eles olham-se como quem já viu tudo e sabe o que esperar. Noto até um certo ar de gozo em relação a nós.
“Pois é, estás com medo não estás?”
Quanto a nós os três, a diferença é tão abismal que parece que não fazemos parte do mesmo mundo. Somos uns extra-terrestres na nave deles!
Inúmeras emoções, não há maneira de esconder ou fingir. É isto, é assim: medo do desconhecido, adrenalina, excitamento, pura ignorância, quase inocência. Estamos nas mãos daquelas pessoas, não há volta a dar, não dá para fugir. Estamos muito alto, é agora! Aperto a mão da N.
Os instrutores preparam-se, dão-nos as últimas indicações, nós obedecemos.
Claro, tudo o que vocês quiserem! Lanço um último olhar ao B. e à N. Sorrimos timidamente uns para os outros mas são os nossos olhos que transmitem todas as sensações. A nossa alma está desprotegida, é uma janela aberta em que todos conseguem espreitar. Não há cortinas, sinto-me como uma criança! Vou nascer!
A porta abre-se, somos uns robots, todo o nosso movimento está programado, ensaiado, prevenido. É tudo muito rápido! O B. prepara-se e… desaparece! Ai, está quase, vou voar! Eu e a N. mais uma vez trocamos olhares cúmplices. Não há tempo para pensar, eu vou a seguir, ela fica à espera.
Não quero! Não vou…. Quero! Já estou sentada a ver o mundo a meus pés! Eu quero, eu quero! Não penso, SALTO…
É muito rápido, nunca senti isto! É tudo tão novo, diferente, estranho! Não fecho os olhos, quero ver tudo. Não penso, não há tempo!
Não sou eu, não é possível, onde é que eu estou?! Não sei o que sinto mas oiço-me rir, é bom! E de repente, o mundo pará! A velocidade desaparece em segundos, não há nenhum ruído, o mundo realmente parou?! Estou a voar…
Ele pergunta: é maravilhoso não é?
Sim… não há palavras. Só quero voar… Não quero que isto acabe. Quero mais. O meu riso é o único som que se ouve. Sou uma criança e estou a voar! Não, tenho super-poderes e sou uma super-criança! Mas ainda não acabou! Tal como os pássaros, damos a volta e a velocidade aumenta outra vez! Oh não, eu estava tão relaxada! A adrenalina volta outra vez, não penso! Deixo-me ir…
É a última emoção antes de aterrar. Está quase, estou a vê-los, já estão lá em baixo, eu estou a chegar!
E acordo… Já sou eu outra vez. A outra C. continuou a voar…
No dia 26 de Junho de 2010 eu aprendi a voar…"
